Conservação Mata Atlântica será tema de debates no Rio durante a semana
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A discussão de estratégias para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica é um dos objetivos da Semana Nacional da Mata Atlântica, que começa amanhã (17), no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O evento é promovido pela Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica (RMA) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. A Rede congrega mais de 280 ONGs em 16 estados brasileiros que têm Mata Atlântica, à exceção do Piauí.
Serão abordadas as ações governamentais e da sociedade civil para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica, além das políticas fluminenses no setor e a atuação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o mesmo objetivo.
A coordenadora geral da Rede, Elizete Siqueira, disse na última semana à Agência Brasil que o grande desafio a ser vencido é conter a degradação. "Temos muito pouco de mata hoje”. Considerando a mata mais primitiva, o Brasil dispõe atualmente apenas de 7,26% da cobertura original de Mata Atlântica. Levando em conta as florestas em outros estágios, que estão em crescimento, os números sobem para 23%.
“Nosso desafio é manter isso e aumentar a criação de unidades de conservação”.
Hoje, existem unidades de conservação em apenas 3,5% da área de Mata Atlântica. O governo brasileiro já assumiu o compromisso, na Convenção da Biodiversidade, de elevar esse número para 10%. Elizte Siqueira destacou a necessidade de unidades de conservação não só públicas, mas também privadas. Para ela, a criação de reservas naturais privadas é interessante porque o governo não precisa gastar e a preservação está garantida ad eternum (para sempre). "É uma forma de conservação que está crescendo muito no Brasil todo”.
Elizete esclareceu que, nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs), o objetivo não é só a proteção da biodiversidade, mas qualidade de vida. Segundo ela, o grande desafio do Brasil vai ser restaurar a parte da floresta que já foi degradada. A meta é daqui a 20 anos chegar com 30% da Mata Atlântica restaurada.
“Na verdade, isso não é uma coisa só de governo. É da sociedade como um todo, das empresas, do pequeno e do grande produtor rural e, inclusive, dos municípios, porque existem hoje muitas áreas urbanas que são importantes para a conservação da biodiversidade”.
O que se pretende é garantir a sobrevivência das espécies, tanto da flora como da fauna, que vivem no interior dessas florestas. “O que a gente quer na restauração é dar prioridade às Áreas de Preservação Permanente (APPs) e reservas legais, porque essa é uma forma que a lei determina de garantir a conservação”. Cada produtor rural tem que ter 20% de reserva legal e um percentual de áreas registrado como APPs, informou Siqueira.
Outro desafio é a maneira de estimular atividades sustentáveis nas áreas onde ainda há reserva de Mata Atlântica nativa ou em crescimento. A coordenadora da RMA esclareceu que isso se aplica aos povos tradicionais, como caiçaras, quilombolas, pescadores, indígenas, que são populações que têm forte relação com a natureza e precisam tirar renda do meio ambiente. O problema está sendo trabalhado em conjunto com os programas Economia Solidária e de segurança alimentar.
A Semana Nacional da Mata Atlântica será aberta amanhã, às 9 horas, pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. No dia 20, está prevista reunião do Conselho da Reserva da Biosfera.
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