quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Brasil luta para evitar extinção da onça-pintada

Ações do governo e de entidades de preservação buscam retirar o maior felino das Américas da lista das 627 espécies da fauna ameaçadas de extinção. Conscientização ambiental é um desafio para o trabalho
11 MAI201314h07
atualizado às 15h25
Na lista dos animais ameaçados de extinção, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, a onça-pintada se transformou em símbolo de ações de preservação. Considerado o maior felino do continente americano, a espécie se concentra principalmente no Brasil. O país busca trabalhar num programa internacional de conservação da espécie que abrange todos os países onde ela ocorre.


Espécie pode ser extinta em algumas regiões da Mata Atlântica em 80 anos Foto: Getty ImagesEspécie pode ser extinta em algumas regiões da Mata Atlântica em 80 anos Foto: Getty Images
Espécie pode ser extinta em algumas regiões da Mata Atlântica em 80 anos
Foto: Getty Images
A intenção é elaborar uma estratégia de ação em conjunto com pesquisadores para envolver toda a sociedade num programa de proteção da espécie. Não é possível estimar a quantidade de indivíduos de onça-pintada no país, segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap). O tamanho da Amazônia e da população do Pantanal dificultam o trabalho. Na Mata Atlântica e na Caatinga, a espécie está criticamente ameaçada. Há uma população muito pequena do animal e a necessidade de ações urgentes para conservação.
Se não forem tomadas medidas imediatas, em 80 anos, a espécie deve estar extinta em algumas regiões da Mata Atlântica, alerta o chefe do Cenap, Ronaldo Morato. Para evitar que isso ocorra, há diferentes ações e grupos voltados à preservação da onça-pintada no Brasil. A identificação de áreas prioritárias para conservação do animal é uma das ações iniciais. O Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-Pintada inclui 25 áreas de conservação. Apesar do trabalho, "a espécie continua na categoria ameaçada de extinção. Ainda não conseguimos modificar esse status", lamenta Morato. Proteger a espécie e diminuir os impactos sobre ela é um dos objetivos do Cenap, órgão vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo especialistas, um dos principais desafios da preservação da espécie é a perda de território e o comprometimento do habitat natural da onça-pintada, já que muitas das áreas foram afetadas pelo desmatamento. A transformação do ambiente natural da espécie em atividades agropecuárias ou pastagens nativas é crítica para o animal.
A caça predatória também se configura como um desafio a ser superado. Fatores econômicos e culturais envolvem a perseguição à onça-pintada, já que, entre os peões, a caça ao animal é vista como um ato de bravura. A educação ambiental sobre a importância da espécie torna-se um aliado do trabalho de preservação. A intenção é atingir as comunidades próximas de onde o animal ocorre. Em locais onde há criação de gado, o animal entra em conflito com produtores rurais.
"A onça acaba matando o gado para se alimentar. Muitas vezes esse conflito termina na morte do animal", alerta. A falta de informação torna a relação com o animal conflituosa, daí a necessidade de um trabalho ambiental que mostre a importância de mantê-lo: "É um animal que ao mesmo tempo é adorado como um deus e odiado como um diabo. As pessoas têm medo, acham que ele pode atacar." Um trabalho muito forte nesse sentido é feito pela ONG Escola da Amazônia, que trabalha para promover a relação entre homem e onças.
Equilíbrio dos ecossistemas
Os grandes predadores, no caso dos felinos, desempenham um papel ecológico considerado fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Eles são os chamados "topo de cadeia alimentar", agem como "reguladores". Esses animais atuam na regulação do tamanho populacional de outras espécies. Por isso, a ameaça de extinção da onça-pintada pode contribuir para um crescimento desenfreado da população de outros animais, como veados e porcos-do-mato por exemplo.
Em algumas regiões, são observados casos típicos de explosões da população de capivara e de doenças relacionadas a esse aumento populacional, como febre maculosa, que pode afetar humanos.
Uma alternativa de quem pesquisa o tema é usar a onça como atrativo para turistas, a exemplo do que fazem países na África, onde esta é a principal fonte de renda para diferentes comunidades. "Pregamos que o animal vale mais vivo do que morto", define Ronaldo. Para ele, o turismo de avistamento de animais pode ser implementado no país. No Pantanal, há um projeto piloto de transformação de uma propriedade em ponto de referência para turismo de avistamento de animais. A ideia é expandir para todo o Pantanal e mostrar para os proprietários da região que se pode ter retorno econômico com a presença da onça.
Sobre o animal
A onça-pintada é considerada um símbolo da biodiversidade brasileira. O mamífero exerce fascínio sobre a população desde os tempos pré-colombianos. A cultura dos povos ancestrais esteve vinculada ao animal. Os grande felinos são símbolos onde eles ocorrem. "Os tigres na Índia e na China; os leões na África; os leopardos na África e na Ásia; A onça-pintada, em toda a extensão onde ela ocorre. São animais esteticamente muito bonitos, símbolos de força e beleza", explica Morato.
A onça é o maior carnívoro da América do Sul. Pode medir mais de dois metros e pesar quase 160 quilos. No Brasil, é encontrada principalmente na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Além do Brasil, também está presente em praticamente toda a América do Sul, do norte da Argentina ao sul dos Estados Unidos. Em cada uma das áreas, o animal está ameaçado em algum grau de intensidade. O predador está no topo da cadeia alimentar e é exclusivamente carnívoro. É responsável por importante função ecológica, por regular espécies presas, como capivaras e jacarés. A onça é uma das 627 espécies da fauna ameaçada de extinção, segundo oLivro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
,

Brasil luta para evitar extinção da onça-pintada - Terra Brasil

noticias.terra.com.br › Notícias › Ciência › Sustentabilidade

11 de mai de 2013 - Ações do governo e de entidades de preservação buscam retirar o maior ... Não é possível estimar a quantidade de indivíduos de onça-pintada no ... Se não forem tomadas medidas imediatas, em 80 anos, a espécie deve  ..

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Fauna












A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta.Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
  1. Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
  2. Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores  foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
AvesA Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

ÁREAS ÚMIDAS SÃO ESSENCIAS PARA A BIODIVERSIDADE

© Todos os direitos reservados. Fotos: Miguel Von Behr, Acervo Rebio Arvoredo, Josângela Jesus
Lorene Lima
lorene.cunha@icmbio.gov.br
Brasília (02/02/2015) – No dia 2 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial das Áreas Úmidas, ecossistemas fundamentais para a fauna, a flora e para o bem-estar da humanidade. Situadas entre a água e o solo, as zonas úmidas regulam o regime de águas em extensas regiões, que funcionam como fonte de biodiversidade em todos os níveis. São importantes para a economia, cultura e recreação.
As áreas úmidas englobam de áreas marinhas e costeiras até as continentais e as artificiais. No Brasil, existem vários tipos de áreas úmidas: manguezais, campos alagáveis, praias, veredas, várzeas amazônicas, igapós, campinarana e pantanal. Há ainda, as áreas irrigadas para agricultura, reservatórios de hidrelétricas etc.
A importância das áreas úmidas
As áreas úmidas são importantes para a biodiversidade porque abrigam variadas espécies endêmicas, ou seja, formas de vida que só vivem em um lugar específico. Essas regiões são essenciais para os anfíbios, répteis e para as aves migratórias, que dependem desses locais para reprodução e migração.
Fazem parte do ciclo de reprodução da maioria dos peixes comerciais consumidos pelo homem e ajudam no reabastecimento de aquíferos, fontes de água doce para a humanidade. Além disso, cumprem um papel vital no processo de adaptação e redução das mudanças climáticas, já que muitos desses ambientes retiram grandes quantidades de carbono do ar.
O manejo sustentável das áreas úmidas também fornece madeira para construção, extração de óleo, plantas medicinais, troncos e folhas para tecelagem e alimentos para animais.
Convenção internacional
Para promover ações de conservação e o uso racional desses ecossistemas, foi estabelecido a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, mais conhecido como Convenção de Ramsar, cidade iraniana onde foi assinada, em 1971. Atualmente, 150 países são signatários do tratado, incluindo o Brasil. A Convenção motivou as ações internacionais para a conservação e o uso sustentável das áreas úmidas e de seus recursos naturais.
Saiba mais sobre a Convenção de Ramsar
2 2
O Dia Mundial das Áreas Úmidas foi instituído pelo Comitê Permanente da Convenção de Ramsar, em 1997.Homenageia a data em que ocorreu a Convenção, 02/02, e serve de alerta quanto à importância desses ecossistemas e a necessidade de protegê-los.
Saiba mais sobre o Dia Mundial das Áreas Úmidas
Sítios Ramsar
Na Convenção de Ramsar foram classificadas as áreas úmidas de importância mundial, denominados Sítios Ramsar. Os sítios são reconhecidos por suas características, biodiversidade e importância estratégica para as populações locais.
Desde que o Brasil assinou o tratado, em 1993, promoveu a inclusão de doze zonas úmidas à Lista de Ramsar. Através do tratado, o país assumiu o compromisso de manter suas características ecológicas. As zonas incluídas à Lista proporciona ao país apoio para o desenvolvimento de pesquisas, o acesso a fundos internacionais para o financiamento de projetos e a criação de um cenário favorável à cooperação internacional.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, UC gerida pelo ICMBio localizada em Caravelas (BA), foi reconhecido como Sítio Ramsar em 2010, faz parte do complexo recifal dos Abrolhos, na costa do sul da Bahia. Esse complexo inclui recifes de coral, banco de algas, manguezais, praias e restingas. A Unidade de Conservação é um importante berçário de peixes.
Saiba mais sobre os Sítios Ramsar
Brasil, exemplo de conservação
O Brasil possui a maior faixa contínua de manguezais do planeta. Esta área abrange a costa nordeste do Pará e o noroeste do Maranhão. Em 2014, o país avançou na proteção dos manguezais da região, com a criação de três reservas extrativistas no litoral paraense: Cuiarana, Mestre Lucindo e Mocapajuba e ampliação da Reserva Marinha de Araí-Peroba.
"Essa faixa de manguezais já contava com a existência de nove reservas extrativistas, que juntas contavam com 398 mil hectares. Agora, com o incremento de novas áreas, o total passou para 520 mil hectares protegidos na região",afirmou o diretor de ações socioambientais e consolidação territorial em Unidades de Conservação (UCs), João Arnaldo Novaes.
Os manguezais são os ecossistemas com maior produtividade e biodiversidade do planeta. São berçários naturais para aves, peixes, moluscos e crustáceos, além de servirem de abrigo e local de alimentação.
Os avanços alcançados em torno desses ecossistemas foram impulsionados pelo Projeto Manguezais do Brasil, que é executado pelo ICMBio e conta com recursos do Global Environment Facility (GEF). "Com o projeto, é possível testar abordagens inovadoras de manejo em áreas protegidas, gerando resultados positivos que permitam a replicação das lições aprendidas para outras ações de conservação dos manguezais em outras regiões", destacou a coordenadora do projeto, Adriana leão.
Saiba mais sobre o Projeto Manguezais do Brasil
Ajude a conservar
Para ser um aliado na conservação das áreas úmidas, cada pessoa pode adotar medidas simples como orientar amigos e familiares a respeito da importância desses ambientes e organizar uma limpeza nessas regiões, pois em meios urbanos, algumas áreas úmidas acabam se tornando depósito de lixo.
Saiba como colaborar para a conservação das áreas úmidas

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Vídeo)

Adilson Santos
Clique no seguinte Link:

https://www.youtube.com/watch?v=wBPBdzN43-Q

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Reserva de Poço das Antas (RJ) comemora 40 anos

Unidades de Conservação

Primeira reserva biológica do País é destaque nacional em pesquisa e projetos de proteção da Mata Atlântica e do mico-leão-dourado
por Portal BrasilPublicado: 12/03/2014 10h19Última modificação: 30/07/2014 03h15
A Reserva Biológica de Poço das Antas, unidade de conservação federal gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), comemora 40 anos de existência. 

Localizada no município fluminense de Silva Jardim (RJ), foi a primeira reserva biológica criada no País, com o objetivo de resguardar o ecossistema de Mata Atlântica costeira, proteger a fauna nativa e preservar espécies ameaçadas de extinção, como por exemplo o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). O nome tem origem em uma das três propriedades que constituiu a área da reserva, a Fazenda Poço d´anta, localizada à margem do Rio São João.
Educação Ambiental e pesquisa
Diferente dos parques nacionais, a visitação turística não é permitida dentro das reservas biológicas. Já a visitação com fins educacionais é permitida, desde que acompanhada permanentemente. Assim, a equipe da Reserva Biológica de Poço das Antas trabalha em parceira com a Associação Mico-leão-dourado, desenvolvendo ações de educação ambiental com diversos grupos, principalmente das escolas e comunidades da região, sensibilizando cada visitante para a importância da conservação do mico-leão-dourado e da Mata Atlântica.
A Reserva Biológica de Poço das Antas vem se destacando pela significativa atividade de pesquisa sendo uma das unidades de conservação mais bem estudadas do país, considerada um importante centro de referência para o desenvolvimento de pesquisas. Este processo teve início em 1983, com o projeto para Conservação do Mico-leão-dourado e o Programa Mata Atlântica, desenvolvido pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em execução na reserva desde 1992.
Um pouco de história
A história da reserva biológica teve início em 1967, período inicial da preocupação com a sobrevivência do mico-leão-dourado. Nesta época foram efetuados voos de helicópteros na região do Vale do Rio São João para buscar uma área que pudesse abrigar o mico-leão-dourado e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), espécies que já constavam na lista de animais ameaçados de extinção.
Em 1970, em meio ao plano de valorização do Vale do São João e a preocupação com a destruição das últimas florestas situadas nas partes planas da região, em consequência das obras de saneamento, regularização e irrigação do Vale do São João e a construção da Rodovia BR 101, fatores que trariam grande risco de extinção do mico-leão-dourado, foi realizado no ano seguinte, um inventário para avaliar quais propriedades particulares estariam inseridas na área que seria destinada para reserva biológica.

Apenas três anos depois, após pressão da opinião pública internacional e com o apoio de entidades conservacionistas, o governo federal assinou o decreto de criação da Reserva Biológica de Poço das Antas.
>> Saiba mais sobre a Rebio Poço das Antas.
Fonte: 
ICMBio
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a licença Creative CommonsCC BY ND 3.0 Brasil CC BY ND 3.0 Brasil

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A MATA ATLÂTICA - SUA BIODIVERSIDADE

MATA ATLÂNTICA 
 Por José Alberto Gonçalves

A Mata Atlântica é um dos biomas com maior diversidade de espécies vegetais e animais do planeta. É, também, um dos que possui mais elevada taxa de endemismo (espécies que são exclusivas de um bioma).
Vários fatores explicam a riqueza biológica da floresta atlântica, como o calor intenso e as chuvas volumosas, que favorecem o desenvolvimento de plantas e animais em abundância. Outro elemento é sua extensão. Ela esparrama-se por 17 Estados, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, acompanhando o litoral brasileiro, com diversos tipos de vegetação, clima, relevo, ecossistemas e fauna.
No caso da vegetação, além das árvores altas de folhas largas típicas de clima tropical úmido, também fazem parte do bioma a Mata de Araucária, mais comum em clima subtropical, como o do sul do país. Há, ainda, os chamados ecossistemas associados à Mata Atlântica. Entre esses, estão manguezais e restingas, que desempenham importante função na proteção da costa contra a erosão e as ressacas do mar, na reprodução de peixes e crustáceos e na alimentação das aves.
Quando se atenta para o número de espécies que existem somente nesse bioma (espécies endêmicas), é fácil constatar seu alto grau de biodiversidade. Das cerca de 20 mil espécies de plantas lá conhecidas, 8 mil são endêmicas (40% do total). Entre árvores de destaque no bioma, estão o jequitibá-rosa, o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil.
No mundo animal, também há impressionante diversidade. Das 483 espécies de anfíbios, 286 (quase 60%) são endêmicas da Mata Atlântica. No grupo dos invertebrados, ainda pouco conhecido pelos cientistas, destacam-se o besouro-tigre (63 espécies endêmicas do total de 88) e as borboletas (948 endêmicas das 2.120 já identificadas).
Observando a fauna atlântica como um todo, a taxa de endemismo continua bastante elevada. Das 1.361 espécies animais, 567 habitam apenas no bioma atlântico, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CNRBMA), a floresta atlântica é também a que apresenta maior quantidade de diferentes espécies arbóreas.
Estudos realizados no bioma encontraram mais de 450 espécies de árvores em apenas um hectare de mata no sul da Bahia e 476 espécies em um hectare nas serras do Espírito Santo. “Numa comparação simplificada, existem mais plantas e animais diferentes em um hectare de Mata Atlântica do que em toda a Alemanha”, observa Lino.
Devido à sua importância ecológica e por ser um dos biomas mais ameaçado de extinção do mundo, a Mata Atlântica foi incluída na lista de “hotspots” de biodiversidade elaborada pela organização não-governamental Conservação Internacional (CI).
O “hotspot” é uma região de grande valor ecológico que se encontra sob risco por causa da exploração madeireira, da agricultura, da urbanização e das mudanças climáticas. Ao declarar um bioma como “hotspot”, tenta-se chamar a atenção das autoridades e da sociedade para a necessidade de realizar ações de proteção e restauração de ambientes degradados.
A maior parte da fauna brasileira ameaçada de extinção habita o bioma atlântico. Entre outros animais sob risco, podem ser mencionados os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena.

Reduzida a 7% do que era em 1500, a Mata Atlântica é um dos cinco biomas mais ameaçados de extinção no planeta e o que mais perdeu vegetação no Brasil. No início da década de 1990, o bioma, situado na faixa mais povoada e industrializada do país, parecia condenado a sumir do mapa nas avaliações de proeminentes estudiosos como o historiador americano Warren Dean, que escreveu o célebre livro “A ferro e fogo”, publicado pela Companhia das Letras, no qual faz um relato da história de devastação da Mata Atlântica.
Na área de domínio da Mata Atlântica, que compreende 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou 15% do território brasileiro, vivem aproximadamente 70% dos 190 milhões de habitantes do país.
A perda de vegetação só não foi maior porque uma parte da floresta atlântica localiza-se em áreas de difícil acesso, como as encostas da Serra do Mar, cadeia de montanhas que se estende por quase mil quilômetros entre o litoral de Santa Catarina e o do Rio de Janeiro. Nas regiões mais planas, com raras exceções, a floresta foi eliminada.
Apesar de o fantasma da extinção ainda pairar sobre o bioma atlântico, há sinais de que a Mata Atlântica pode estar entrando numa rota inversa. No início da década de 1990, acreditava-se que a Mata Atlântica estaria reduzida a 3% de sua cobertura original no final do século 20. Felizmente, a previsão não se realizou e a perda da cobertura vegetal mais bem conservada do bioma tem permanecido na casa dos 7% nos últimos anos.
Graças à criação de dezenas de unidades de conservação, como parques e reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs), a queda na área do bioma foi mais lenta que o previsto e se deu, sobretudo, em propriedades particulares.

Inúmeras ações de órgãos públicos, entidades ambientalistas, escolas, universidades e empresas empreendem um esforço descomunal para salvar a Mata Atlântica.
A grande vitória na batalha para salvar o bioma foi a aprovação da Lei da Mata Atlântica pelo Congresso Nacional em dezembro de 2006, após 14 anos de espera. Trata-se de uma legislação que instituiu incentivos econômicos para produtores rurais e comunidades tradicionais que protegem a floresta e regras para proibir o licenciamento de empreendimentos em áreas de mata primária ou em estágio avançado de regeneração (bem conservada).
Embora a lei tenha sido regulamentada há pouco mais de um ano, mais de 3 mil municípios brasileiros já estão levando em conta a legislação no licenciamento ambiental de novos empreendimentos, diz Wigold Shaffer, coordenador do núcleo Mata Atlântica do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Mas ainda há vários problemas a serem enfrentados para que a Lei da Mata Atlântica seja implementada em sua plenitude. “A implementação da lei está muito mais lenta do que deveria. A pressão de ocupação na orla marítima continua intensa, desrespeitando áreas de preservação permanente (APPs) e reserva legal (RL) e desmatando vegetação bem conservada, o que foi proibido pela lei”, assinala Clayton Lino, do CNRBMA.
Também falta regulamentar o Fundo de Restauração da Mata Atlântica, previsto pela nova legislação. O fundo é considerado fundamental para injetar recursos na recuperação de parte importante do bioma.
Faz parte desse esforço a criação de dezenas de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) nos últimos anos. Qualquer pessoa que possui parte da sua propriedade com vegetação bem conservada pode solicitar aos órgãos ambientais a declaração da área como RPPN, que é uma unidade de conservação (UC). Em troca, o proprietário fica isento de pagar o Imposto Territorial Rural (ITR) e pode promover atividades harmônicas com a reserva, a exemplo do ecoturismo e da educação ambiental.
Não se trata, portanto, de tarefa exclusiva do governo zelar pelo cumprimento da lei. A sociedade como um todo precisa conhecer a legislação, cobrar sua aplicação, denunciar abusos contra o bioma e promover projetos de conservação e recuperação da floresta atlântica. A manutenção dessa floresta é vital para o desenvolvimento sustentável da parte mais habitada do território brasileiro.

O desmatamento intenso da Mata Atlântica começou em 1500 com a chegada dos portugueses ao litoral da Bahia. Para extrair pigmentos do pau-brasil, utilizados no tingimento de tecidos na Europa com cores fortes, como vermelho, rosa ou marrom, portugueses e piratas levaram à Europa grande parte das árvores da espécie, que era uma das mais abundantes no bioma atlântico.
Em seguida, a Mata Atlântica sofreu com o segundo ciclo econômico do Brasil colonial, o do açúcar, nos séculos 16 e 17, que substituiu porção significativa da floresta por canaviais. Após o açúcar, a exploração do ouro em Minas Gerais, entre os séculos 18 e o início do 19, levou ao desenvolvimento de uma inédita sociedade urbana. Em virtude do florescimento de novas vilas e cidades nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, surgiu uma nova frente de devastação da floresta atlântica.
A partir do século 19, principalmente a partir do período imperial, foi o ciclo do café que abriu uma nova frente de perdas para o bioma. “Para a Mata Atlântica, (…) a introdução dessa planta exótica significaria uma ameaça mais intensa que qualquer outro evento dos trezentos anos anteriores”, escreve Warren Dean em “A ferro e fogo”.
Com o dinheiro obtido na exportação de café, os fazendeiros financiaram a instalação das primeiras indústrias no Sudeste entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20. Na falta de dinheiro para importar derivados de petróleo, as indústrias recorriam ao carvão vegetal proveniente da floresta atlântica.
Estava dada a largada para um dos mais acelerados e intensos processos de urbanização do século 20 em todo o mundo. O que importava era inaugurar mais fábricas, pavimentar ruas, construir prédios, abrir estradas, instalar usinas de energia. Enfim, a mata era o mato que incomodava, abrigava insetos, sinal de atraso diante do progresso.
O resultado desse processo foi desastroso para o meio ambiente. Manguezais e restingas foram aterrados para dar lugar a rodovias, ruas, avenidas e loteamentos residenciais e comerciais. Várzeas de rios também foram trocadas por concreto e asfalto, impermeabilizando o solo, o que favorece a ocorrência de enchentes quando chove muito.