segunda-feira, 27 de julho de 2009
A Mata Atlântica no Estado de São Paulo
Até os últimos anos do século XIX, a grande floresta conhecida como Mata Atlântica estendia-se ao longo da costa brasileira numa ampla faixa entre as latitudes de 3º e 33º S, cobrindo uma superfície de aproximadamente um milhão de km2. No século XX, entretanto, principalmente em suas últimas cinco décadas, o processo de devastação provocada pelas atividades agropastoril e industrial e pela expansão urbana, reduziu sua área original a menos de 8%. Hoje o que resta de mais significativo da Mata Atlântica está concentrado nas encostas litorâneas das regiões Sudeste e Sul, que em virtude das dificuldades impostas pelo relevo da Serra do Mar, não foi igualmente devastado como suas porções mais planas no restante do Brasil (S.M.A., 1996).
Em São Paulo, cerca de 80% da Mata Atlântica desapareceu, estando seus remanescentes localizados junto ao litoral, principalmente na região do Vale do Ribeira, nas escarpas das Serras do Mar e Mantiqueira e nas planícies litorâneas (S.M.A., 1996). Apesar de constituir atualmente a principal formação florestal no Estado de São Paulo, são relativamente escassos os trabalhos sobre a Mata Atlântica aqui realizados, dentre os quais podemos citar os de Coutinho (1962), Silva & Leitão Filho (1982), Barros et al. (1991), Custódio Filho (1989), Mantovani et al. (1990), Custódio Filho et al. (1992), Leitão Filho (1993), Cesar & Monteiro (1995), Dias et al. (1995), De Grande & Lopes (1981), Kirizawa et al. (1992), Mantovani (1992, 1993), Melo & Mantovani (1994), Ribeiro & Monteiro (1993), Sanchez (1994), Sugiyama (1998), Gomes da Silva (1998).
A Estação Ecológica Juréia-Itatins, por motivos históricos e pela dificuldade de acesso a sua área, caracteriza-se como um dos trechos melhor protegidos e preservados de Mata Atlântica do Brasil. A Serra da Juréia, localizada dentro dos limites desta estação, é especialmente interessante, devido ao seu isolamento pelas águas do mar do restante do continente há cerca de 5-6 mil anos, durante a Transgressão Marinha de Cananéia (Por & Imperatriz-Fonseca, 1984). Este isolamento, de certa forma, mantem-se até hoje, visto que a referida Serra encontra-se separada do restante da Serra do Mar por uma extensa planície aluvial.
O desejo de conhecer a flora dessa região, que certamente revelar-se-ia bastante diversificada, com grande número de espécies raras e possivelmente endêmicas, dado seu elevado grau de conservação, levou-nos a realizar este trabalho.
O objetivo principal deste trabalho foi inventariar a flora vascular da Serra da Juréia, como forma de contribuição ao conhecimento da Mata Atlântica no Estado de São Paulo e à preservação de uma das florestas tropicais úmidas mais ameaçadas de extinção do Planeta. Este projeto forneceu condições para o desenvolvimento de vários estudos na área, que ampliaram o conhecimento sobre a composição florística, estrutura e dinâmica da vegetação da Mata Atlântica. Entre estes podemos citar os de Carvalhaes (1997), Melo et al. (2000), Mamede et al. (1997), Anunciação (1998), Nicolau (1999), Oliveira (1999), e a descoberta de novas espécies, tais como Anthurium jureianum (Catharino & Olaio, 1990), Dioclea grandistipula (Queiroz, 1998), Calyptranthes dryadica (Kawasaki, 1998) e Begonia jureiensis (Gomes da Silva & Mamede, 2000).
Fonte: Instituto de Botânica da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (IBOT)
..:: Foto: Aristides Faria, Fazenda Cabuçu - Santos (SP
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